Qual o futuro da arquitetura? Que caminhos o presente aponta aos estudantes, profissionais e à sociedade? Que cidade será modelo nos dias que virão num futuro breve? Esses e outros questionamentos foram lançados na noite de ontem, no “Encontro CAU/PE 2018: Novos rumos, novos desafios” – no Teatro RioMar. Promovido pela nova gestão do Conselho em Pernambuco, baseada em três pilares significativos: trabalho, participação e transparência, foi prestigiado por profissionais e representantes das principais entidades de classe do Estado.
O evento foi aberto pelo conselheiro federal Roberto Salomão, seguido pelo presidente do CAU/PE, Rafael Amaral Tenório, que fez uma prestação de contas dos 100 dias da gestão, com avanços em todas as áreas: serviços prestados, interiorização e modernização das ações, agregando os profissionais e unindo as entidades.
Entre os principais pontos de debate, a arquitetura de interiores foi discutida como uma possibilidade aos jovens arquitetos de chegarem ao mercado e, a partir do conceito criativo dentro de espaços fechados, levarem a experiência a espaços urbanos. “A arquitetura de interiores me deu a oportunidade de enxergar o macro e o micro. Fez ampliar o meu olhar e entender melhor a arquitetura como um todo”, disse Romero Duarte, um dos debatedores da noite.
Para ele, fazer parte do CAU/PE significa ter voz para falar sobre essa área, que vem crescendo cada vez mais dentro da profissão.
Jerônimo Cunha Lima aproveitou a deixa da palestrante Gabriela Didier, para chamar a atenção à inteligência positiva. “Quando comecei, vivíamos uma época de inteligência positiva. Construíamos Brasília e nossa arquitetura era ponto de estudo de gente de todo o mundo. Estrangeiros vinham para o Brasil aprender conosco a arquitetura do futuro. Hoje estamos no meio do escuro, numa fase de pouco trabalho. Temos que participar da política, para que arquitetos, paisagistas e urbanistas possam transformar as cidades. É preciso atender à população de menor renda. Precisamos acompanhar as mudanças e humanizar nossa profissão”, ressaltou.
Para Sandra Brandão, também presente na rodada de debates, os desafios são muitos, hoje e no futuro. Segundo ela, a profissão lida diretamente com a política e os arquitetos precisam ter esse entendimento. E, enquanto “cidade”, o modo de concretizar essa participação é buscar instituições que falem pelos profissionais, como o CAU. “Temos que ir em busca do debate com os gestores, para construirmos uma cidade sustentável, que caiba todos nós. A população que não tem direito à moradia é responsabilidade nossa. Precisamos pensar numa arquitetura mais inclusiva, participativa e que possa atender a todos”, destacou.
Sobre cidades colaborativas falou Gustavo Maia, do Colab – modelo-referência de gestão colaborativa das cidades brasileiras. Criado em 2013, o Colab.re conta com mais de 150 mil usuários conectados a 100 prefeituras, entre elas Recife, em Pernambuco, Santo André e Campinas, em São Paulo, e Niterói, no Rio de Janeiro. São mais de 55 mil demandas geradas em mais de 2.000 municípios brasileiros. As situações mais comuns são estacionamentos irregulares, buracos em vias, entulhos em calçadas, limpeza pública e lâmpadas apagas em vias públicas. Em algumas dessas prefeituras parceiras da ferramenta, o índice de solução das demandas reportadas é superior a 70%.
Lana Jubé disse ver o futuro com muita luta pela reafirmação da arquitetura e também apontou a humanização e a assistência técnica como mola para novos patamares. “Trabalhar projetos urbanos, paisagísticos, luminotécnicos, exercitar a arquitetura de interiores e pensar de dentro para fora. Voltar o olhar a grande parte da população que precisa de uma cidade humanizada. Esse olhar precisa da assistência técnica como grande mote e da criatividade como grande aliada”, pontuou.
Direção – O presidente do CAU/BR, Luciano Guimarães, participou do evento, acompanhado de vários presidentes de CAUs estaduais: do Paraná, da Paraíba e do conselheiro federal por Tocantins. “Precisamos de eventos como este para mostrar a força e valorizar a arquitetura e urbanismo”, afirmou.
Rafael Amaral Tenório, presidente do CAU/PE anunciou planos para a segunda edição do Encontro. “O sucesso da noite de hoje mostra que estamos no caminho certo. Vamos em frente, com muito trabalho, para valorizar cada vez mais a arquitetura e o urbanismo”, finalizou.