Enxergar a arquitetura além das linhas e formas, é o que prega o método da Arquitetura Sistêmica que busca desenvolver o autoconhecimento, fazendo com que a visão sobre o projeto vá muito além da decoração. Fazendo com que as extensões da vida do morador, assim como a saúde emocional dessas pessoas sejam analisadas e ajustadas.
“Eu entendo que para ser arquiteto de alguém, para arquitetarmos a solução para a casa das pessoas, primeiro temos que arquitetar a vida da gente. E a partir disso, entender mais o comportamento da casa, dos membros da família e como o morador vai lidar com essas mudanças e como vai fazer a reforma… Entendendo agora esses processos e não só do ponto de vista estético e decorativo, podemos começar a traçar um projeto”, explica a arquiteta Priscila Raffi , da Raffi Arquitetura e Consultoria , que também possui mestrado em engenharia civil e é formada em terapia de Constelação Familiar.
O que você encontrará neste post:
A arquitetura Sistêmica possui a tríade: arquitetura,engenharia e psicologia.
“Atualmente a arquitetura está falando muito de neurociência/neuro arquitetura. Algumas coisas a constelação responde, outras a psicologia complementa. Então eu senti a necessidade de ter esse tripé. Eles são a base de avaliação pós-ocupação. E a partir disso, eu consigo fazer um diagnóstico mais profundo sobre arquitetura familiar, e aí entende-se que com esse diagnóstico mais preciso e profundo, é possível fazer um trabalho de arquitetura para o empoderamento das famílias. Entendendo como está a ordem da família ou não, porque existem muitas desordens, colocamos através da percepção espacial das pessoas e do ambiente esses elementos que a constelação trás”, conta Priscila.
O processo da Arquitetura Sistêmica
O processo é feito através de uma vivência, onde o cliente mergulha em uma experiência e depois disso é que a arquiteta parte para o projeto. Uma vivência que pode ser online ou presencial.
“Agora estamos só online por causa da pandemia. Usamos recursos visuais e âncoras, como bonecos de madeira de forma lúdica para o cliente entender o que está acontecendo no ambiente dele. A gente parte do princípio que existe uma dor, quando ele vem nos procurar, não vem porque está com um problema no espaço, e só através da Arquitetura Sistêmica vamos dar o autoconhecimento para que ele possa resolver a questão. Por exemplo, um pai com duas crianças que estão brigando e chega para fazer outro quarto para resolver. Existe algo maior… E aí precisamos entender qual é a dor para depois olhar para o espaço e a percepção espacial que há ali. Quando estou desenvolvendo o projeto vou inserindo alguns conceitos sistêmicos para que esses espaços tenham um compatibilização com o os projetos complementares”, detalha Priscila.
Empoderamento das famílias
“Na hora que vemos que algumas dinâmicas familiares estão em desordem, esse empoderamento surge quando começamos a colocar cada membro em equilíbrio, em pertencimento. Vamos limpar os ruídos para que as famílias resgatem e conquistem o desejo de cada um. É trazer equilíbrio para que seja gerada a harmonia. Procuro elevar o status da arquitetura ao autoconhecimento”, conta Priscila.
Público da Arquitetura Sistêmica
Pode ser utilizada em escritórios de arquitetura e engenharia, construtoras, casas, comércios, indústrias e existe a constelação para a parte residencial e doméstica. É uma forma de gerar o autoconhecimento.
“E além do cliente que é o meu público-alvo, os profissionais da construção civil também, porque através da Arquitetura Sistêmica a gente consegue resolver conflitos entre engenheiros, mestre de obra, arquiteto, cliente e demais questões de escritórios. Começamos a ajudar os arquitetos para que através do autoconhecimento eles entendam que dinâmicas são essas que estão acontecendo. É necessário aplicar a constelação para os profissionais para que aos poucos tenhamos conseguido liberar essas dores ”, explica Priscila.
O olhar sistêmico
Cada vez mais o olhar sistêmico para a arquitetura vem ganhando força e assim fazendo com que os projetos ganhem um olhar mais amplo. “Quando a gente enxerga de forma sistêmica, incluindo outras ciências, o cliente é quem sai ganhando. Entender do ponto sistêmico essa tríade faz com que a gente ganhe força e passe uma segurança maior para o cliente. O ciclo de vida das pessoas, das relações, a durabilidade que as relações humanas tem, elas se comunicam muito bem de forma sistêmica com o olhar da constelação sobre o ciclo de vida da casa. O cliente vai ter três pilares para que sustente a dinâmica familiar e assim seja muito mais saudável”, argumenta Priscila.
Mudanças geradas com a Arquitetura Sistêmica
A primeira grande mudança é despertar nas pessoas uma consciência de elementos e recursos, para um melhor aproveitamento da casa, como explica a arquiteta Priscila Raffi, “ A grande transformação é primeiro a gente fazer o diagnóstico para vê qual é a necessidade do cliente, vê as questões sistêmicas e espaciais e trazer para ele o que falta. Portanto, a constelação vai trazer a tona o emaranhado, como um ponto cego. Através disto será o gancho para que encontremos a solução tanto sistêmica e depois para o ambiente construído”.
Aproveitando que estamos falando sobre estruturas voltadas para moradias, separamos este artigo que fala sobre o nível de interesse do brasileiro pela sua casa. E neste conteúdo aqui, você encontra dicas de livros que falam sobre a organização da casa.