A tecnologia a serviço da arquitetura. Um novo jeito de projetar e construir. Computadores e algoritmos criando novas formas em projetos de arquitetura e design.
Arquiteta vencedora do Pritzker
Tudo isso, aliando também estética e eficiência ambiental. Quem ainda pensa que não conhece a arquitetura paramétrica certamente já ouviu falar em Zaha Hadid, arquiteta vencedora do Pritzker, o Nobel da profissão, morta em 2016. A obra de Zaha traz a força e o deslumbre da arquitetura paramétrica, com edifícios calculados por computador.
Entre as mais impressionantes, estão o Heydar Aliyev Center, no Azerbaijão, e o Galaxy Soho, em Pequim. O primeiro parece flutuar e cada ângulo traz uma perspectiva diferente. É quase um lençol aberto, movendo-se na estrutura de concreto.
O Galaxy une quatro blocos circulares, ligados por pontes. Parece ter vindo do futuro e impressiona pelas formas e pela dimensão da obra.
Para simplificar o entendimento de como esses algoritmos funcionam, o arquiteto alimenta o computador com dados diversos, como carta solar, ventos predominantes, tipo de solo, onde a obra será erguida. Essas informações serão a base do desenho final, feito a partir desses parâmetros. É como se o arquiteto fornecesse a receita, para que a máquina calcule as possibilidades e lance opções de traços, volumes e planos. Tudo bem longe do tradicional esquema planta, corte e fachada, já que softwares analisam as variáveis, a partir de um módulo construtivo, que levam em consideração as informações selecionadas. Na maioria das vezes, essas informações dizem respeito ao ambiente do entorno do projeto, em outros casos, são simplesmente estéticas, e visam a produzir um efeito gráfico. Isso abre um leque de opções ao profissional, que pode explorar novas formas sem a necessidade de criar manualmente um modelo para cada situação.
O arquiteto Alexandre Kuroda, do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Belas Artes, chega a comparar o paramétrico a um sistema biológico. Para ele, essa revolução faz da arquitetura o resultado da combinação de variáveis formado pelo computador.
Esse novo modo de projetar vem crescendo e começou a ganhar força em 2008 e já trouxe mudanças inclusive na grade curricular de escolas de arquitetura, como a Belas Artes, que desde 2017 incluiu o curso de pós-graduação em Arquitetura Digital e Projetos Paramétricos. Para Kuroda, esse novo jeito de conceber projetos veio para ficar e estar por dentro de suas nuances e possibilidades é estar à frente no mercado.
A liberdade na criação e nos traços são dois pontos de destaque que o sistema paramétrico oferece, segundo o arquiteto Alexandre Mesquita. Ele ressalta que a arquitetura paramétrica é o futuro. “Os grandes projetos internacionais são modelados nesse sistema. Dá uma compreensão ampla dos detalhes, torna a arquitetura mais livre, mais orgânica, saindo do ortogonal, da linha mais aritmética, para a leveza da modelagem”, diz.