Ventilação e luminosidade são peças chave na criação de um projeto de arquitetura. Saber como lidar com esses dois fatores é determinante para o conforto de qualquer ambiente. Os cobogós, nesses casos, caem como uma luva, além de emprestar charme e personalidade aos espaços.
Criados nos anos de 1920 por três pernambucanos, foram amplamente utilizados na década de 50 do século passado, substituindo tijolos tradicionais. São feitos, em sua grande maioria, de cerâmica ou concreto, mas há também versões em vidro e grande diversidade de materiais. Remetem aos antigos muxarabis (árabe-islâmica). Dos sobrenomes dos seus criadores (Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góis), veio o nome Cobogó.
A arquiteta Carol Sóter diz que a ideia de usar elementos que remetem à memória afetiva dos clientes e ter ao mesmo tempo a estética ligada à funcionalidade das peças lhe atrai muito.Como exemplo dos bons resultados obtidos, ela mostra um projeto feito para um apartamento em Boa Viagem (Recife). Nesse projeto em particular havia a necessidade de gerar uma divisão dos ambientes de serviço e cozinha, que na planta original faziam parte de um só vão.
“Os cobogós são elementos que geram a barreira visual, sem perder a ventilação e iluminação naturais desses ambientes e ao mesmo tempo agregam valor estético ao projeto. Nesse ambiente em especial a cor e elemento de destaque são os cobogós”, explica.
Carol usou o cobogó de louça, em modelo geométrico, com uma proporção um pouco maior que a usual (0.15m x 0.15m), com 0.20m x 0.20m, na cor amarela.
Para ela, os cobogós são interessantes em diversos tipos de aplicações e ambientes, por velar os espaços de forma agradável e ao mesmo tempo sem gerar barreiras na entrada de luz e iluminação. “Em alguns casos são até filtros para grandes insolações. A boa escolha do tipo de cobogó, onde será aplicado, em que material ele é composto, o tamanho de sua abertura, são pontos importantes para se levar em consideração na hora da especificação e compra dessas peças”, reforça.
Bárbara Morato, arquiteta no Recife, apresenta o projeto de uma cozinha, onde o cobogó teve múltiplas funções. Segundo ela, o objetivo principal foi garantir a separação da área de serviço para a cozinha, sem bloquear a entrada de luz e ventilação ao ambiente.
“Por ser um elemento cerâmico vazado, o cobogó desempenha muito bem essa função, tão apropriada para o clima da nossa cidade. Não é por outro motivo que ele foi criado aqui, e é motivo de orgulho para nós pernambucanos. Como arquiteta formada na escola pernambucana me sinto na obrigação de valorizar e divulgar. Nesse projeto a cliente adorou a ideia de utilizar um elemento ícone da arquitetura pernambucana e optamos então por torná-lo o elemento estético de destaque. O resultado ficou incrível, lindo e muito funcional”, afirma.