Entusiasta das cores e desenhos nas aplicações em cozinhas, varandas gourmets e banheiros, arquitetas do Studio Tan-gram explicam a relevância desse estilo que fez sucesso no passado e retornou em uma leitura mais contemporânea
Durante muito tempo, a aplicação dos azulejos era concentrada apenas em dois ambientes específicos, cozinha e banheiro, exercendo uma função mais técnica, como revestimento de paredes.
Mas hoje em dia essa visão mudou: além de cobrir as faces que determinam o perímetro dos ambientes, o azulejo alçou status e é reconhecido como elemento importante na decoração dos ambientes. Os revestimentos coloridos, por exemplo, são repletos de personalidade, pois o material ganhou estampas modernas, texturas, cores e formas diversas, podendo estar presente em qualquer cômodo da casa.
Hoje nós temos também o porcelanato, que embora mais fino, apresenta resistência superior ao azulejo. Entretanto, deve-se fazer a comparação entre um e outro não apenas no quesito resistência, como também pela facilidade de instalação e o conceito desejado para o décor. Sem dúvidas, o azulejo é uma escolha acertada quando o intuito é deixar a parede muito bem-marcada, explica Claudia, sócia do escritório Studio Tan-Gram ao lado da também arquiteta Monike Lafuente.
A seguir, as profissionais fazem uma análise do material, bem como compartilham dicas sobre sua utilização.
O que você encontrará neste post:
Por que usar revestimento colorido?
Etimologicamente falando, azulejo vem da palavra árabe azuleicha ou pedra polida quando trazido para o português. A técnica já era utilizada pelos egípcios que decoravam os edifícios e mesquitas da época com peças cerâmicas.
É evidente então que este elemento de proteção e de decoração percorreu tempo e evoluiu para o que é hoje, sendo adaptado para as condições atuais, incluindo a inserção de azulejos decorativos.
A dupla do Studio Tan-Gram revela sua predileção por sempre escolher um ponto do projeto para trabalhar com o azulejo decorado, haja vista que, além da beleza, gostam de resgatar o contexto histórico que o item carrega.
Tem toda uma questão de identidade para o projeto. O produto certo, que é aquele alinhado com a proposta decorativa do projeto, tem o poder de trazer mais vida para o ambiente, deixando com um ‘quê’ afetivo e cara de lar. Eles realmente se destacam no pedaço onde são usados e nós apreciamos essa característica singular que ele insere, afirma Monike.
Azulejo decorado x ladrilho hidráulico
A diferença principal, além das questões estéticas e visuais, está na técnica de produção. O azulejo decorado pode ser fabricado de forma artesanal, quando pintado à mão, ou industrial, que conta com um sistema de impressão pré-configurado após a peça ser produzida.
O ladrilho hidráulico, por sua vez, tem a sua produção a partir do uso de cimento e corantes.
Não é uma pintura por cima, realmente é um corante no cimento. Ele é comprimido em prensa e feito de maneira artesanal, sem brilho e, apesar de sua alta resistência e durabilidade, é muito poroso. Por isso, é imprescindível a aplicação de um impermeabilizante, afirma Claudia.
Com isso, a arquiteta ainda ressalta que os moradores devem estar conscientes que é possível que, quando empregado em pisos e frontão de cozinha, as peças ainda podem acumular manchas conforme o tempo passa.
Apesar de muitas pessoas não gostarem dessas marcas do tempo e dos acontecimentos, elas são uma das características que traz todo o charme para o ladrilho hidráulico.
Azulejos com padrões diferentes
Segundo Monike e Claudia, é importante que todos saibam que cada marca existente no mercado disponibiliza um portfólio de azulejaria. Para que o processo de especificação para os projetos seja eficiente, as arquitetas ainda salientam que é necessário seguir alguns critérios de definição para que a proposta a ser aplicada seja atendida.
Tanto podemos investir em revestimentos bem pintados, coloridos e com desenhos geométricos, como também investir em peças com uma única cor e lisas, como os tão queridinhos subway tiles”, orientam. “Agora, se a intenção for seguir uma linha mais handmade, o ladrilho hidráulico, embora com as ressalvas que destacamos, reina absoluto. E junto com isso, um fator preponderante é o valor que se pode gastar, complementam.
Dimensões do azulejo
Devido à diversidade de ambientes e estilo construtivos existentes, é possível que cada projeto adote revestimentos coloridos de diferentes formatos. Para as arquitetas, não há dimensão ideal para a instalação nos projetos, mas para que os azulejos tenham destaque , elas sugerem a busca por peças menores, como 7cm x 40 cm, 7 cm x 15 cm, 20 cm x 20 cm ou 15cmx15cm.
Com dimensões de 30 x 30 cm para cima, o revestimento perde essa especificidade como um azulejo e acaba ficando mais com um ar de acabamento da construtora, o oposto do conceito de um azulejo decorado, relaciona a dupla do Studio Tan-Gram.
Rejuntes: o que levar em conta na hora de escolher
Para que esses revestimentos coloridos sejam assentados de forma eficiente e consigam ter o seu devido valor, não se deve esquecer de escolher bem o rejunte a ser aplicado. A definição correta é fundamental para o sucesso do revestimento na parede, porque além da função de vedar o encontro entre as peças, compensar quaisquer imperfeições e absorver as tensões oriundas da dilatação térmica, este material é um dos responsáveis por evitar problemas de infiltração.
Dependendo da cor escolhida, o rejunte também pode trazer um efeito diferente em relação à leitura das peças. De acordo com as arquitetas, o mercado oferece três tipos de rejuntes.
O mais comum é o cimentício, empregado na maioria das construções e, por suas características, requer uma manutenção mais frequente no dia a dia da casa. Já o acrílico figura em um nível intermediário com uma durabilidade um pouquinho maior e um acabamento mais liso. Por fim, o epóxi é reconhecido como o mais resistente e longevo, requerendo baixa manutenção.
Paginação do revestimento colorido
A paginação é uma etapa muito importante e deve ser definida antes mesmo de assentar os revestimentos na obra. Por isso, é de extrema importância definir qual desenho será composto pelas placas cerâmicas, não esquecendo de considerar o percentual de perda decorrente de cortes e ajustes em função da área coberta.
Em geral, no momento de calcular estimamos uma adição de 10%, mas a depender do estilo de paginação a ser disposto, esse volume pode ser previsto em até 30%, orientam as profissionais.
Segundo Cláudia e Monike, os principais estilos são:
- Paginação aninhada: placas com tamanhos e formatos iguais, onde o alinhamento é constante. Este tipo de paginação é indicada para locais amplos e que não apresentam barreiras ou obstáculos. O ponto positivo é que ele apresenta um volume menor de corte, o que é bastante importante para o orçamento da obra.
- Paginação vertical: como o próprio nome já diz, este tipo de assentamento tem como característica marcante a orientação vertical das peças. De modo geral, esta paginação é bastante utilizada para ampliar a percepção de altura do pé-direito.
- Paginação horizontal: ao contrário do vertical, os azulejos são dispostos de acordo com o eixo horizontal, aumentando a largura da superfície. Por isso, pode ser executada em paredes de locais compactos, como banheiro;
- Paginação diagonal: realizada com ângulos de 45 graus, implica em um volume maior de corte de peças;
- Espinha de peixe: bastante utilizada em projetos contemporâneos, este estilo dá uma impressão de zig zag. O ponto a ser ressaltado é que essa formatação requer um volume maior de corte de peças.
- Escama de peixe: semelhante à espinha de peixe, a diferença está na direção das peças, que fica em um ângulo de 90 graus.
- Transpasse padrão e transpasse aleatório: esta paginação é caracterizada pelo assentamento do azulejo um do lado do outro, mas com o final desencontrado. A decisão por um ou por outro depende também das orientações dos fabricantes quanto à diferença entre o final de uma peça com a outra.
Sobre Studio Tan-Gram
Tangram é um quebra-cabeça chinês formado por 7 peças geométricas capazes de formar até 5 mil formas diferentes. Inspirado nesta pluralidade, versatilidade e criatividade surgiu o nome do escritório, liderado pelas arquitetas Monike Lafuente e Cláudia Yamada. A arquitetura que concebem e acreditam se estrutura na multiplicidade de soluções, adaptabilidade ao usuário-espaço e renovação de conhecimento contínua. São espaços desenvolvidos para o ser humano e, portanto, cada desafio traz uma solução individual.