Partiu da alemã socialista Clara Zetkin, em 26 de agosto de 1910, a proposta de celebração anual das lutas femininas pelos direitos das mulheres trabalhadoras. A data do Dia das Mulheres surgiu no final do século 19 e início do século 20 nos Estados Unidos e na Europa. As lutas femininas giravam em torno de melhores condições de vida e trabalho, além de também buscar a garantia do direito de voto. O grito de Clara foi lançado na Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, em Copenhague, na Dinamarca.
As histórias que remetem à criação do Dia das Mulheres também alimentam o imaginário de que a data teria surgido a partir de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas. O incidente ocorrido em 25 de março daquele ano marcou a trajetória das lutas feministas ao longo do século 20, mas os eventos que levaram à criação da data são bem anteriores a este acontecimento.
Já a partir de 1909 as manifestações começaram a acontecer em diferentes dias de fevereiro e março, em vários países. A primeira delas foi em 28 de fevereiro daquele ano, nos Estados Unidos. Depois vieram manifestações e marchas pela Europa nos anos seguintes, durante a semana de comemorações da Comuna de Paris, também em março. A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 1975 como o Ano Internacional da Mulher, adotando então, oficialmente, o dia 8 de março como o dia dedicado às mulheres de todo o mundo.
O que você encontrará neste post:
Luta das mulheres no Brasil
Entre as brasileiras as movimentações em prol dos direitos da mulher surgiram no início do século 20, entre os anarquistas. A luta era por melhores condições de trabalho e qualidade de vida. A caminhada feminina ganhou força com o movimento das sufragistas, nas décadas de 1920 e 30, quando foi garantido o direito ao voto em 1932. Essa conquista foi respaldada na Constituição promulgada por Getúlio Vargas. Nos anos 1970 emergiram no país organizações que passaram levantar discussões de igualdade entre os gêneros, da sexualidade e da saúde da mulher. Em 1982, o feminismo estabeleceu diálogo importante com o Estado, com a criação do Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo, e em 1985, com o aparecimento da primeira Delegacia Especializada da Mulher.
Maiores conquistas das mulheres
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Direito ao voto
Após a conquista do direito ao voto, estabelecido pela Constituição Federal em 1932, as mulheres passaram a ocupar maior espaço no eleitorado do País. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), atualmente, a participação feminina é de quase 53% do total de 146.470.880 eleitores no Brasil.
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Mulher na política
Possibilitou ainda que, em 1934, o Brasil elegesse Carlota Pereira Queiróz, como sua primeira deputada. Naquele mesmo ano, a Assembleia Constituinte assegurava o princípio de igualdade entre os sexos, o direito ao voto, a regulamentação do trabalho feminino e a equiparação salarial entre os gêneros.
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Contra a violência
Nos anos 1980, as feministas embarcam na luta contra a violência às mulheres. Em 1985, é criado o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), subordinada ao Ministério da Justiça, com objetivo de eliminar a discriminação e aumentar a participação feminina nas atividades políticas, econômicas e culturais.
Atualmente, as ações, campanhas e políticas públicas voltadas ao público feminino no País estão sob os cuidados da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres.
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Lei do Feminicídio
Sancionada em 2015, colocou a morte de mulheres no rol de crimes hediondos e diminuiu a tolerância nesses casos. Mas, talvez, a mais conhecida das ações de proteção às vítimas seja a Lei Maria da Penha.
O movimento feminista brasileiro pode contar com os esforços da Secretaria de Políticas das Mulheres, que atua não apenas pela redução da desigualdade dos gêneros, mas também para ajudar na redução da miséria e de pobreza para, assim, garantir a autonomia econômica das brasileiras.
E para celebrar toda essa luta construída desde o final do século 19, mulheres artistas de Pernambuco e de outros Estados, celebram o Dia das Mulheres com um arte expressiva, expondo para a sociedade o universo feminino com todas as dificuldades e prazeres que acarretam a arte de ser mulher.
Confira abaixo, três lugares que celebram o Dia das Mulheres:
Artistas mulheres na Amparo 60
A Galeria Amparo 60 recebe, em homenagem ao Dia das Mulheres , a mostra coletiva A noite não adormecerá, reunindo 15 trabalhos de 11 artistas mulheres. A curadoria de Julya Vasconcelos propõe jogar luz sobre trabalhos produzidos por mulheres. As obras circulam numa perspectiva que não privilegia uma visão limitada de uma suposta expressividade feminina.
As obras que compõem a mostra transitam pela violência, pela anarquia, pela crítica política, pelos mergulhos subjetivos. A curadora reuniu artistas – com poéticas e trajetórias bastante distintas. Do casting da galeria (Juliana Lapa, Amanda Melo da Mota, Alice Vinagre) e outras convidadas (Gio Simões, Clara Moreira, Regina Parra, Virgínia de Medeiros, Marie Carangi, Regina Galindo, Juliana Notari e de Maré de Matos). Os suportes que dão corpo às obras das artistas vão do grafite e do desenho à instalação e a vídeo performance.
É da galerista Lúcia Santos a concepção da exposição. “Me perguntei, onde estão as nossas artistas mulheres?”, lembra. Com essa proposta na cabeça, Lúcia convidou Julya Vasconcelos para desenvolver o processo curatorial, na estreia da jornalista pernambucana (que tem mestrado em História das Artes Visuais) no campo da curadoria.
A pernambucana Juliana Lapa apresenta trabalhos de grandes dimensões e impactantes da série Breu, que falam sobre olhar o desconhecido. Regina Parra participa com a obra Manter-se aterrorizada, tornar-se terrível – torção de uma frase do ensaísta martinicano Frantz Franon, em um letreiro de neon. A baiana Virgínia de Medeiros apresenta peças que compõem a exposição processual O Jardim das Torturas. Ela faz um recorte do universo sadomasoquista a partir do convívio da artista com o Dominador Dom Jaime e com suas duas Escravas.
Todas as mulheres do mundo
Para celebrar e lembrar o 8 de março, o Plaza Shopping promove a exposição “Todas as Mulheres do Mundo”, desnudando a diversidade do ser humano. Dez artistas pernambucanos expõem o universo feminino usando como tela o corpo da mulher. O trabalho foi feito em manequins. A mostra homenageia mulheres de todas as idades, cores, nomes, credos, raças, ideologias e gêneros.
Os dez manequins foram trabalhados por Ana Blue, Antônio Paes, Carlos André, França Bonzaion, Mariquinha, Mila Cavalcanti, Nie Fagundes, Rafa Saraiva, Rayanne Ferreira e Thiago Teas. Os artistas são remanescentes da CowParede, que aportou no Recife no ano passado. A coordenação e os textos da exposição são da jornalista Germana Telles.
A pintora e cartunista Ana Blue, criadora da intervenção que leva o mesmo nome da exposição, diz que sua obra traz elementos que exaltam a diversidade das mulheres. “Celebro as diferentes personalidades das mulheres que saíram da opressão para assumirem suas identidades e tornarem-se livres. É uma homenagem a quem conhece os seus defeitos e as suas virtudes. Para quem se olha no espelho e se ama, com qualidades, imperfeições, erros e acertos”.
Germana ressalta que as mulheres trazem consigo fonte inesgotável de sensibilidade, aliada à força capaz de gerar vida. Além disso, reforça que a mulher sangra e luta pelo reconhecimento da identidade, da capacidade e dos direitos ao longo da história. “É para essas mulheres que vivem buscando o caminho, o espaço, o lugar que lhes é de direito, que estamos fazendo essa homenagem”.
Para elas
No restaurante Modigliani Bistrô, a data também será lembrado por 15 artistas, reunidos por Maria Clara Lyra, numa homenagem de homens e mulheres ao universo feminino.
A mostra traz obras de Adriana Alliz, Aglaê Pinto, Aria Santiago, Beta Campello, Bruno Lyra, Chris Cysneiros, Jessica Martins, Julio Santhiago, Maria Carmem, Murilo Santiago, Sheila Camargo, Socorro Assunção, Tania Cruz, Tereza Perman e Vania Coutinho.
Maria Clara divide a coordenação da Mostra com Adriana Alizz, à frente do Modigliani Bistrô, espaço que acolhe os artistas, entre os meses de março e abril. “Queremos reforçar a importância de ressaltar a presença da mulher, com suas lutas, as transformações e conquistas que estão chegando. E nossa intenção é uma celebração entre artistas, sem distinção de gênero. Para isso, levaremos a exposição até abril, esticando o prazo, dando a oportunidade de ampliar as visitações”, diz Maria Clara.
Serviço:
A noite não adormecerá
Visitação de 2 de março a 21 de abril
Terça a sexta, das 10h às 19h
Sábados das 11h às 17h
Galeria Amparo 60 Califórnia
Rua Artur Muniz, 82. Primeiro andar, salas 13/14
Boa Viagem, Recife – PE
(81) 3033.6060
Para elas
Visitação de 7 de março a 30 de abril
Modigliani Bistrô
Rua de Dois Irmãos, nº 14,
Apipucos, Recife-PE
(81) 3267.9192
“Todas as Mulheres do Mundo”
Visitação de 4 a 18 de março
Segunda a sábado das 10h às 22h e domingos das 12h às 20h
Entrada: gratuita
Plaza Shopping Casa Forte – Piso L3
R. Dr. João Santos Filho, 255 – Casa Forte, Recife – PE
(81) 3265.8113