Um galpão está abrindo as portas à educação infantil e fundamental, após a intervenção de arquitetos, no bairro do Castelo, em Belo Horizonte. O projeto dos arquitetos Marcos Franchini, Gabriel Castro e Pedro Haruf reflete a proposta pedagógica diferenciada da escola, que tem o nome de Casa Fundamental.
O imóvel originalmente serviu de galpão industrial e a intervenção manteve a aparência externa. Porém, alterações significativas foram realizadas na estrutura. No ano passado, o projeto foi vencedor na premiação de arquitetura do Departamento de Minas Gerais do Instituto de Arquitetos do Brasil, na categoria Edifícios para fins Religiosos, Atividades Sociais, Institucionais, Culturais e Educativas.
A escola preza pelo conceito de espaço de “ensino e aprendizagem, do convívio, do debate educacional, do rigor acadêmico, da experimentação pedagógica, das relações mais cuidadosas e gentis”. Por isso, para os seus fundadores, a sua sede deveria ser um espelho desse conceito.
Um dos arquitetos responsáveis pelo projeto, Marcos Franchini, observa que apesar da escolha pelo imóvel ser pouco convencional, ele apresentava características que tornavam viável e interessante a intervenção. No entanto, alguns obstáculos teriam que ser contornados na execução, como as deficiências nas condições de temperatura, iluminação e acústica.
Materiais de vedação foram substituídos por telhas perfuradas e blocos do tipo cobogó, criando aberturas, aumentando áreas de iluminação e realizando jateamento termoacústico por cima do telhado. Perfis laminados de aço como elemento estrutural, painéis compostos de madeira e placas cimentícias no sistema de lajes, paredes em drywall e soluções de marcenaria e serralheria para divisórias e fechamentos verticais foram alguns dos materiais aos quais os arquitetos recorreram para dar forma à escola.
A proposta trabalha, ainda, com elementos inusitados no interior do espaço, como é o caso da circulação vertical – além das convencionais escadas e elevador acessível, um escorregador é um atalho para descer do mezanino ao térreo. A arquibancada, que serve também como palco para reuniões, é outro ponto bem singular no projeto. Lá também acontecem apresentações artísticas, brincadeiras e atividades de apoio pedagógico.
Os alunos também contam, no interior do edifício, com uma praça idealizada como continuidade da rua. O corredor de acesso às salas do mezanino foi pensado como um balcão de teatro – existe apoio para os pés das crianças que sentam com as pernas entre as barras do guarda-corpo. As salas (para até 20 alunos) são abertas e têm espaço amplo de 70 metros quadrados. Outro detalhe inteligente e prático: as portas de correr possuem lousa branca na face interna e correm por um mesmo trilho, variando as formas de acesso à sala ou abrindo completamente o ambiente.
Os arquitetos se preocuparam com os materiais e cores, importantes à percepção sensorial do espaço e da investigação com o uso do corpo. A nova infraestrutura é construída com variedade de materiais e texturas: madeira, cimento, ferro, azulejo serigrafado, fibra de vidro e uma paleta de cores que deixa o espaço convidativo sem estimular com exagero.