O francês Jean-Michel Bouhours, curador chefe do Centre George Pompidou, em Paris, em passagem pelo Recife, ao que tudo indica, anda se apaixonando pelas coisas da terrinha. Durante encontro com Carlos Augusto Lira e as artistas plásticas Ana Vaz e Suzana Azevedo, na Reserva Técnica do arquiteto, mostrou-se encantado com o que viu, ouviu e sentiu. Foi lá que ele conheceu e repetiu impressionado nomes como Antônio de Dedé, Nuca, Galdino, Vitalino, Fernando Ferro, Irinéia, Aurelino, Véio, Bitinho, Nino e Abias. Entre as explicações sobre cores, traços e histórias por trás de cada aquisição da coleção de 4.500 peças, Bouhours intercalou interrogações e exclamações, sendo só elogios à arte mais autêntica e crua do povo brasileiro.
O Centre Pompidou é considerado um dos espaços mais democráticos da capital francesa. Abriga um museu com uma das maiores coleções de arte moderna e contemporânea do mundo. Nada mais natural para Jean-Michel Bouhours fazer o seu passeio com muita propriedade, mas com a curiosidade e o frescor de quem abre os olhos pela primeira vez no galpão do Recife. Lá, onde moram criaturas imaginadas e paridas por mãos calejadas de artesãos simples do interior do Brasil.
O anfitrião, Carlos Augusto Lira, disse estar lisonjeado pela iniciativa do curador em conhecer a sua Reserva Técnica. “Essa coleção foi atestada como a mais importante do Brasil, pelo que significa, não pela quantidade de peças. Aqui temos o percurso dos artistas, com início, meio e última etapa de criação. Mostra a evolução do trabalho e as diversas fases de cada um”, contou ao convidado.
Enquanto conferia, “rua por rua”, cada estilo lhe arrancava comentários. “Estou impressionado com a genialidade desses artistas. É muito forte e clara a ideia da criação permanente expressa nos trabalhos. Muitos do que aqui estão fazem arte sem saber e são extremamente originais. E temos aqui lugares e épocas completamente distintos, retratando costumes, figuras anônimas, divindades e crenças diferentes. Vivemos um momento em que tudo se mistura e dá certo. É isso que vejo aqui. Carlos conseguiu reunir e guardar uma memória muito importante da arte popular brasileira”, elogiou Bouhours.
O que você encontrará neste post:
Quem é Jean-Michel Bouhours?
- É o curador chefe do Centre George Pompidou, em Paris.
- Historiador de arte e cineasta francês nascido em 09 agosto de 1956, em Brou, França.
- Especialista em arte moderna e cinema de vanguarda, autor de uma dúzia de filmes experimentais e vários livros sobre arte.
- É também ex-chefe do departamento de coleções modernas do Museu Nacional de Arte Moderna.
- Ex-diretor do Museu Nacional Nova de Mônaco (2003-2008).
- Em 1976, começou a colaborar com o Centre Pompidou, que abriu meses mais tarde, em 1977.
- Na década de 1990, montou uma produção editorial sobre cinema experimental e vanguarda. Uma coleção de livros intitulada ’15×21′.
- Desde 2009 é membro do Conselho de Administração da Luz Cone. Uma estrutura não-institucional, expositora de filmes experimentais e vanguarda na França.
- Em 2012, foi co-curador com Jean-Hubert Martin e Thierry Dufrêne, da exposição Dali, no Centre Pompidou. Depois, apresentada no Museo Nacional Reina Sofia, em Madrid.
- Conheça o blog de Jean-Michel.
Sobre o Centre George Pompidou
- O Centre Georges Pompidou é um complexo nomeado a partir de Georges Pompidou – presidente da França de 1969 até 1974 – que encomendou a construção
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