Já está aberto ao público o Musée de la Romanité, em Nîmes, na França, que foi projetado pela arquiteta e urbanista brasileira Elizabeth de Portzamparc, vencedora em 2012 do concurso internacional promovido pela Prefeitura da cidade.
A estrutura de 9.100 m², abriga raras coleções arqueológicas, até então guardadas em diferentes reservas técnicas da cidade. Agora, o público poderá apreciar esses tesouros que cobrem um arco de 25 séculos, em três grandes períodos: gaulês (pré-romano), romano e medieval.
A arquiteta Elizabeth de Portzamparc, é radicada na França desde 1969. Ela desenvolveu também a museografia, que permite uma fascinante viagem pelo tempo a partir de aproximadamente cinco mil peças, distribuídas em um percurso cronológico e temático que abrange desde o século 7 a.C até a Idade Média, e o legado romano no século 19. As coleções ricas e variadas compreendem mil inscrições latinas, 200 fragmentos arquitetônicos, 65 mosaicos, 300 elementos esculpidos (baixos-relevos e esculturas tridimensionais), 800 objetos em vidro, 450 lanternas a óleo, 389 objetos manufaturados (em osso e marfim), centenas de cerâmicas, objetos em bronze, 12.500 moedas antigas e medievais, e 15 painéis de pinturas murais romanas restauradas.
Sobre a elaboração do projeto, a arquiteta destaca como pensou a sua concepção, “ Eu analisei profundamente as Arenas e me questionei sobre a própria noção de edifício contemporâneo e sobre como glorificar os 21 séculos de história da arquitetura que separam esses dois prédios. Uma arquitetura leve, possibilitada pela tecnologia atual, pareceu-me algo evidente, bem como o fato de expressar as diferenças entre essas duas arquiteturas, por meio de um diálogo baseado em sua sinergia: de um lado um volume circular, rodeado pelos arcos verticais romanos de pedra e bem ancorado ao solo, do outro um grande volume quadrado, em levitação e recoberto de uma toga de vidro plissada”, explica.
O que você encontrará neste post:
Tecnologias utilizadas:
Uma série de suportes de reconstituição digital acompanha os visitantes ao longo do percurso, ajudando-os a imaginar o aspecto original dos edifícios antigos, e a vida cotidiana dos habitantes. Caixas brancas luminosas, chamadas “caixas do saber”, abrem as três seções cronológicas do percurso. Esse método criado por Elizabeth de Portzamparc serve de introdução às diferentes sequências: mapas, linhas do tempo e telas apresentam e contextualizam o período apresentado. Diversos dispositivos multimídia são distribuídos ao longo do percurso: visitas virtuais, animações gráficas (desenhos animados e motion design) e mapas permitem uma melhor apreensão do contexto das coleções.
Os dispositivos de realidade aumentada, os panorâmicos interativos a 180° ou ainda a parede interativa de imagens são feitos para projetar os visitantes no passado e fazê-los descobrir a vida dos homens da Antiguidade, a evolução de suas habilidades e as obras-primas que eles produziram.
A cidade de Nîmes:
Em Nîmes estão famosas construções romanas, do período de Augusto, no século 1 de nossa era. O “Musée de la Romanité” está construído no centro histórico da cidade, em frente às Arenas romanas, um pequeno Coliseu, onde são realizadas touradas, nos dias de hoje. Para criar um diálogo com esta forte presença romana, Elizabeth projetou para o Museu fachadas, compostas por uma estrutura de aproximadamente 7 mil lâminas de vidro serigrafadas, que cobrem uma superfície de 2.500 m², e são capazes de refletir o entorno, criando um diálogo com a cidade ao refletir as cores, a luz e a vida ao redor. Por conta de seus ângulos, inclinações e relevos, dão ideia de movimento, de acordo com a variação da luz ao longo do dia e das estações do ano.
O Terraço e o Jardim Arqueológico:
O terraço não estava previsto no programa do concurso, mas foi criado por Elizabeth como ponto culminante do percurso ascendente do museu. Ele finaliza a visita proporcionando um mirante sobre a cidade de Nîmes .No terraço, com colunas e um caminho sinuoso por entre o jardim, está também uma sutil homenagem da arquiteta as suas raízes brasileiras, e à obra de Oscar Niemeyer (1907-2012).
O Museu ainda conta com uma livraria, um auditório, um café e o restaurante La table du 2, com vista para as Arenas, com cardápio assinado pelo Chef Franck Putelat, duas estrelas no guia Michelin por seu restaurante Le Parc, em Carcassonne.
Serviço: