A Galeria Amparo 60 recebeu em 28 de novembro de 2019, a exposição “ Antes do Cio dos Gatos”, que reúne Tereza Costa Rêgo, Clara Moreira e Juliana Lapa.
A mostra teve como objetivo promover o diálogo entre as obras que trazem a força feminina. Na exposição, o público ainda pôde conferir sete obras inéditas de Tereza.
Obras essas que foram postas em conversa com trabalhos de Clara Moreira e Juliana Lapa. Todas as telas são figurativas, tendo a figura feminina como protagonista.
A galerista Lúcia Costa Santos, que desde muito tempo foi parceira e aprendiz de Janete Costa, fez parte da exposição. Na época, para ela, ter Tereza Costa Rêgo em exposição na galeria pela primeira vez foi um momento de celebração.
“Não é de hoje que cultivo o desejo de trazê-la para a galeria. E agora surgiu essa oportunidade ímpar, que se tornou ainda mais especial com a possibilidade de colocá-la em conversa com os trabalhos de artistas de outra geração, que já faziam parte do casting. Assim como Tereza, elas ancoraram suas inquietações e poéticas nas questões do feminino”, explicou Lúcia.
Ao desnudar a si própria e a mulheres encarceradas ao longo de séculos de opressão, Tereza também abriu caminhos na cena artística para que outras mulheres pudessem discutir em suas obras essa poética fêmea.
A arte e o feminino
E foi justamente nesse contexto que as obras de Clara Moreira e Juliana Lapa puderam ser vistas como tributárias dessa trajetória. As duas têm pautado seus trabalhos nas questões do feminino.
Assim como Tereza, são artistas que pintam com o corpo. “Elas trabalham as subjetividades fêmeas, que não são só individuais, são também dessa criatura fêmea social”, afirmou Bruno Albertim, curador da exposição.
Os trabalhos de Juliana Lapa levaram personagens que remetem à fecundidade das florestas, a ideia de um útero fecundo, de uma mulher vegetal, de mulheres que estão em processo de gestação de si, que estão na iminência de um gesto.
Já as mulheres pássaras de Clara Moreira transitaram entre o planejado e o inesperado, pareciam estar sempre na iminência do voo, do grito.
“Para mim o grande encontro dessas três grandes artistas desfaz alguns mitos. Um deles, o de que pintura é silêncio. Nas suas narrativas, trazem personagens na iminência do voo. Na gestação do grito”, definiu Albertim.