Modernizar, readequar, para preservar e dar vida nova a uma edificação. Esse é o mote por trás do retrofit. Entre as vantagens, estão a valorização no mercado imobiliário e a possibilidade de tornar o imóvel sustentável e adequado às necessidades da vida moderna.
No Recife, o prédio da Engefrio, num dos principais eixos viários e de acesso ao Centro, passou pelo processo de revitalização, em 2013. O ponto principal do retrofit neste caso foi modernizar o edifício, eliminando suas “patologias”, acrescentando mais um pavimento.
“Nunca foi cogitada a hipótese de demolição. Tudo foi feito sem interromper os contratos em andamento e sem deslocarmos as empresas lá acomodadas. Há situações onde é mais econômico demolir um prédio para construir um novo, no entanto isso não pode ser usado como regra. É necessário uma avaliação técnica, focando a possibilidade de aproveitamento. Com isso, ganhamos em economia e sustentabilidade”, diz Paulo Veloso, arquiteto responsável pela obra.
Ele conta que o retrofit possibilitou resgatar a presença do edifício. Todas as vedações e caixas de ar condicionado de janela foram retirados e deram lugar a uma “pele” de vidro refletivo com desempenho térmico.
As proporções e elementos marcantes do projeto original, de autoria de Vital Pessoa de Melo, foram enaltecidos. Seus elementos opacos verticais foram mantidos, em contraste com os rasgos horizontais das janelas originais, que deram lugar à nova superfície transparente em vidro.
Projeto Cap Ferrat
Vencedor da 32ª edição do Prêmio Internacional Macael, outro projeto que merece destaque é o Cap Ferrat, assinado pelo arquiteto Juan Di Filippo, no Rio de Janeiro. O edifício precisava de uma reforma externa que exaltasse a sua imponência e ao mesmo tempo “conversasse” com o entorno do prédio.
O ponto de partida foi substituir integralmente o revestimento existente no embasamento, nas 102 varandas e na cobertura. O projeto também previa a instalação de portas de correr nas 17 varandas de frente para a praia, além da substituição integral dos guarda-corpos, que estavam em estado avançado de oxidação mecânica, devido à ação da atmosfera com grande concentração de cloretos (maresia).
“A solução encontrada foi manter o revestimento existente e sobrepor o novo, mediante a fixação por inserts de aço inoxidável”, explica o arquiteto. “Também previmos a instalação de novos guarda-corpos de vidro contínuo, para não interferir na vista para o mar”, complementa.
O prédio também recebeu insertos metálicos. Este sistema de fixação permitiu a facilidade na execução sem a necessidade de remover o revestimento antigo. As varandas da fachada principal receberam fechamento com portas de vidro e alumínio, conferindo amplitude para a área social dos apartamentos.
O arquiteto explica que para o Cap Ferrat, o seu escritório explorou todas as possibilidades de composição e de proporcionalidade que o edifício permitia observar. “Aproveitar essas possibilidades nos permitiu definir uma nova e diferente identidade arquitetônica, de linguagem contemporânea”, comenta. “Exemplo disto é o reenquadramento dos chanfros originais nas colunas frontais, o que ampliou visualmente a fachada de frente para o mar”.