* Por Joyce Diehl
36 minutos: esse é o tempo que os brasileiros passam, em média, por dia, sonhando com a casa perfeita, conforme estudo realizado em dez países pela AkzoNobel, detentora da Coral. Pense bem. 36 minutos por dia. Muita gente não gasta esse mesmo tempo almoçando, por exemplo, ou fazendo o que quer ou gosta. Cabe essa comparação para se entender a importância que o brasileiro dá ao tema.
Não é de hoje que a casa voltou a ser valorizada como lar. A violência em geral, da urbana aos atentados, pode ter sido a grande causadora disso. Desde o ataque às Torres Gêmeas, a sociedade vem sofrendo grandes transformações de percepção sobre o valor da vida. A “casa dormitório”, comum nos grandes centros, volta a ser local de convívio.
O primeiro sinal desse novo comportamento foi o recorde de produção de embalagens para entregas delivery. Acostumadas à fast food, muitas vezes no balcão da lanchonete ou sentadas nos bancos das praças, as pessoas assumiram seus medos e encomendaram seus lanches para serem levados, ou entregues no trabalho ou em casa.
Isso trouxe a valorização do “receber em casa”, atividade já esquecida. E ao redor de boa comida, claro, sempre o melhor meio para reunir pessoas, que sai do lugar comum e ganha o glamour de ser gourmet; a americana fast food dando espaço à italiana slow food,a boa refeição como ritual, cercada de boa conversa.
As cozinhas viraram as novas salas de estar e houve um aumento impressionante de interesse pela gastronomia – vide as lojas especializadas, livros, filmes, programas de televisão e, mais recentemente, redes sociais.
Refúgio e espaço de identificação
Esse movimento traz de volta a casa como refúgio, espaço de identificação, de conforto emocional, das peças de família misturadas na decoração, trazendo segurança sobre quem somos. E a explosão do DIY, tão forte nos EUA, o nosso “Faça você mesmo”: reparos, móveis, artesanato, jardinagem. A pintura das paredes com tons escolhidos nos sistemas tintométricos, onde se vende a ideia de tons únicos, e de que certos serviços podem ser feitos por qualquer um.
Na mesma pesquisa, 93% dos entrevistados gostariam de ter mais ajuda para tomar as decisões na hora de decorar e 80% têm dificuldade para escolher as cores e os estilos de sua decoração. É ai que entra todo o poder do bom atendimento. O poder de cada um se fazer necessário na vida do cliente, virar seu cúmplice nessa aventura chamada compra.
36 minutos. Esse é o tempo que os brasileiros passam sonhando com a casa perfeita. Bem mais tempo do que você levou para ler essa matéria…
Joyce Diehl é arquiteta com especialização em Branding de Conexão e editora-chefe da revista eletrônica Revestir, sobre acabamentos e tendências em arquitetura.