Um lugar que parece guardar todas as árvores do mundo. Um celeiro de sementes, criado em 1985, com 15 hectares de terra cultivados pelas mãos zelosas e apaixonadas de Paulo Ferreira, Brenda Black e um grupo de funcionários.
A imensa produção teve início quando Brenda começou a ajudar a mãe nas vendas de mudas em feiras agropecuárias.
O negócio começou a crescer e dar cada vez mais frutos. Hoje, a Atmosphera Plantas & Paisagismo produz mudas, vende em atacado e varejo, é responsável pela elaboração de projetos paisagísticos e manutenção de jardins. Esse foi, pelo segundo o ano, o cenário do 2º Seminário Pernambucano de Paisagismo, no bairro de Monjope, em Igarassu.
Sob a curadoria de Raul Cânovas, o evento reuniu especialistas e profissionais da área em três dias de palestras e visitas guiadas pelo viveiro da Atmosphera.
Arborização e florestas urbanas
O primeiro dia trouxe Ricardo Martins, que levantou o debate em torno da “Arborização e florestas urbanas”. Também falaram Eduardo Gonçalves, com o tema “Um novo olhar sobre o velho paisagismo” e Marcelo Zlochevsky, com a discussão sobre o “Uso inteligente da água em paisagismo sustentável”.
Para Brenda e Paulo, realizar o seminário pelo segundo ano consecutivo é de extrema importância, já que o Nordeste é carente de eventos do tipo, apesar de ter muito a acrescentar. “Tudo fica muito concentrado no Sul e no Sudeste. É muito construtivo trazer esses profissionais, essas pessoas que trabalham com o paisagismo e de alguma forma contribuem para as mudanças que acontecem, para que possamos trocar informações e buscar soluções juntos”, disse Brenda.
Raul Cânovas, que sugeriu o tema deste ano, “As qualidades do jardim perfeito”, destacou que a presença da árvore no nosso planeta é primordial, tudo passa por ela. “Tudo começou com um musgo atrevido, que saiu para tomar sol, mudou de cor e virou verde. Todo o resto é complemento. Nenhuma árvore precisa ser podada. Nós a podamos para que elas se adequem às nossas necessidades urbanas”, completou.
Eduardo Gonçalves ressaltou a relação do homem com a paisagem. “É o que garante a nossa sobrevivência. Gostamos de estar perto do que é vivo. Viajamos milhares de quilômetros para encontrarmos uma bela vista. A atração pelo jardim está gravada no cérebro das pessoas. Então, paisagismo é fazer jardim? Na prática, sim. Paisagismo essencialmente é só jardim e jardim, essencialmente, é planta”, disse.
Para ele, a única certeza que há é que os jardins mudarão. “Vivemos a era digital e as pessoas têm qualquer informação muito fácil. O paisagista hoje educa e co-cria com o dono do jardim. O que pode vir? Não gosto de fazer previsões,mas o autopaisagismo (com o dono do jardim auxiliado por computador), o nanopaisagismo e o wikiscaping (com muitas pessoas editando o mesmo jardim)”, reforçou.
Marcelo Zlochevsky chamou a função do paisagista para cuidar da sustentabilidade com responsabilidade. “Nós que vivemos no mundo do paisagismo temos a varinha de condão para desenvolvermos a habilidade de sustentar o planeta. Estamos fazendo certo?”, questionou. Para ele, ainda, os jardins verticais estão cumprindo bem o seu papel, principalmente em relação ao uso sustentável da água – já que faz uso de irrigação de baixo volume.
O sábado trouxe como primeira atividade a aula em campo, com Raul Cânovas, seguido por Luciano Lacerda, falando sobre “Jardins Verticais”. O dia também teve Rafael Ferreira e a “Iluminação integrada ao paisagismo” e Ramis Tetu, com o “Paisagismo e a sustentabilidade urbana”. No domingo, Brenda e Paulo ministraram a aula em campo, Roberto Araújo falou sobre A construção da imagem do paisagista e Raul Cânovas fechou o ciclo de palestras com “A importância da cor verde na paisagem”.